"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

domingo, janeiro 31

O alvo te desvia da solidão


Eu só queria poder tornar concreto algum fato, assim seria mais fácil acreditar. Eu estive decepcionada com os erros e inundada pelos males da consciência. Todo meu desgaste fora insignificante, meu tormento ridicularizado. Mas o que desviou a atenção do fracasso, fora a raiva. A raiva de ter a quem culpar a frustração, de ter como nomear a infelicidade. A consolação de um sofredor é o alvo que o tira dos seus próprios medos. Era fácil então basear na falta de liberdade a indisposição. Podia-se até nomear solidão a falta de apetite, e julgar como excesso de tempo saudade que bombeava junto ao vital. Quando te tiram tudo, você passa acreditar que o poço é sem fim; familiarizado com a dor, você passa a desvendar suas etapas e controversas, acreditar na sua capacidade e o temor que brota pelo excesso de inteligência é o suficiente pra te consolar. A dor não pode aumentar, mas se focar em outro ponto, irá vivenciar o inicio outra vez. Cabe a você apenas desistir da ideia de que tudo pode se tornar agradável outra vez, pois a esperança só arranca a casca que foi criada no seu coração com o passar do tempo. Os dias se tornam iguais e ainda te culpam por usar alguém como alicerce! Não era isso que queria? Tirar tudo o que você possuía, pra te ver mendigar o que um dia rejeitou? O riso medonho ecoa pelos tempos, tropeçando em lágrimas, ele ganha velocidade. O que importa não são as atitudes a serem tomadas, e sim, o propósito por trás delas.

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