"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

terça-feira, fevereiro 23

Sobrevivente


Outro ato, eliminando os fatos, que já nem sei se existem. São vistos como vagas lembranças que nem sei se foram reais. Já não posso distinguir se foi verdade, ou apenas um vivido não real. Já desisto de gritar meus erros ao silêncio, que por si só, é a pior punição. Não posso esperar o amor, nem lhe dar vagos trechos do que já foi amado. Tampouco posso amar o que já amei, até isso de mim foi tirado. Agora deixo aos outros a carga de nomear o errado, e pouco importa se for eu o escolhido. A esta altura, fico inerte a qualquer título, mesmo sabendo que já fui tão melhor. Outro fato nasce neste ato, que morre sem continuidade. Declaro-me culpado para servir ainda a algum fim, agora sei que aceitas porque lhe desconheço totalmente, e, a cada dia mais, perco-lhe um pouco na esperança de que perca-lhes tudo de mim. Continue sem compreender, não tente ir além do que consegue. Já não vejo admiração, por isso me preparo. Você já foi melhor. Eu já fui melhor. Paz.

segunda-feira, fevereiro 22

A farsa dos poetas


O amor não morre de falta, não morre de presença, não morre de distancia. Não morre de obstáculos, não morre de desavença. O amor nem morre de saudade!
Mas se for morto, é morto por tédio.

domingo, fevereiro 21

Exagerado


Nossa relação nasceu do exagero. Era tanto companheirismo não sabíamos como acontecia. Depois passou a ser completamente carinhoso, pingava mel das palavras que trocávamos, era um desejo doce; uma doçura inocente. Um querer bom, repleto de bem estar. Assumi os exageros como parte dessa nova experiência. E era totalmente exagerada a forma que eu me referia a você, mas também, era totalmente exagerada as resposta que eu recebia. Exageradas também foram as loucuras. As desconcordancias e coêrencias. Sem mencionar as semelhanças, era tudo exageradamente pacífico. Pacificamente repleto de uma felicidade incomum. Era uma alivio agitado, eram os nervos em paz. Era exageradamente estranho, mas estranhamente bom. Foram tantas palavras, tantas descrições e distinções. Foram juras exageradas para vistas contidas, era estranhamente acreditável, acreditava ser completamente verdadeiro. Foram tempos de exuberância, tempos de audácia, eram tempos de fartura, de carinho e doçura. Havia ira, havia saudade, havia cobranças inacreditáveis. Era inacreditavelmente exagerado aos olhos de quem se opunha. Mas era também exageradamente incrível, aos olhos dos que compartilhavam. Era totalmente incompreendível, não para mim, talvez não para nós, mas era exagerado para o resto do mundo. Era uma vontade incontrolável de construir uma barreira entre nós e o restante de tudo. O exagero na verdade, o exagero na saudade, no apego e nas palavras
desencadeou o exagero nas ações. Era incontrolavelmente insano, era completamente hilário, apenas um riso bom. Selado com abraços apertados, com promessas iludidas, e beijos desapaixonados, era exageradamente assim, pouco. Completamente pouco para nós, tudo não seria o suficiente, para conter o que dentro de mim havia. O descontrole, a audácia, a coragem e a segurança, talvez foram as chaves para as longas fases vividas à diante. Agora era pacificamente plausível, repleto da paz certeira e dos sorrisos recíprocos. Passamos a ser um só, quando os sentimentos se uniram e transformaram-se em algo repleto de nós. Exageradamente verdadeiro. Mas ainda era pouco para a verdade. Era certamente, apenas, exageradamente... amor.

sábado, fevereiro 20

Hipocondria



Hoje abri a prateleira de madeira, afim de encontrar os comprimidos certos. Eram dores de cabeça e musculares, e os de vidro verde me bastaram por enquanto. Horas mais tarde acabei percebendo, que por não comer, seriam úteis os que me dariam apetite, aproveitei e providenciei aqueles que me tiram o enjoo, evitando qualquer surpresa a ser vinda. Mal vinda foram as dores no estômago por excesso de medição, mas logo cessei com os de cartela azul, que me causaram sede. De cinco em cinco minutos, a reaçao estava presente, a garganta ardia e arranhava, e me fez tomar as pílulas para irritação. Logo vieram os lábios secos, que me fizeram caminhar até a cozinha o tempo todo mas quase nunca colocava os sapatos. Mais tarde veio a febre, e eu fiquei intensamente feliz de estar combatendo alguma reação. Meus braços estavam molengas e minhas pernas sentiam frio, precisei de alguns comprimidos para indisposição e mais tarde tomei as vitaminas. Com o estômago cheio de cores difusas, me veio a tontura, mas logo tomei o xarope com sabor, para disfarçar o gosto amargo na boca. Já se foram todos os vidros, cartelas e seringas, precisei correr para a cozinha, e telefonar para pedir reposição imediata do meu estoque. Tropecei no tapete, massagiei com anti inflamatório e colei fitas contra dor. Lembrei-me de pedir mais band-aid e soro para a inalação. Deite-me novamente, e dessa vez, com o aparelho de pressão procurei mais algo errado. Estava alta demais, lá se foram os últimos comprimidos. Depois muito baixa, mas a farmácia já havia me entregado tudo aquilo que eu precisava. O motoqueiro sorrio sem graça, nem lhe ofereci café por não ter tido tempo de fazê-lo, descobri aonde estava o meu erro, e embarquei na cafeína. Agitava e desatenta, precisei de mais remédios pra dormir. Mas antes do banho, cheguei a diabetes, com medo dela ter chegado sem ser percebida; analisei todos os passos a serem dados, evitando qualquer escorregão... Cheguei inteira no meu quarto, nem cai ao me vestir, economizei mais curativos, fora o meu ânimo para dormir feliz fechei os olhos e me lembrei, de trocar as almofadas para evitar alergias. Espirrei por minutos enquanto fechava a janela contendo o vento gelado, mas antes de descer a persiana te vi lá em baixo, de braços dados e lábios unidos. Corri até a bombinha de asma, e dessa vez, quase não aguentei. Mas lembrei-me dos germes, do vento gelado e da poeira; lembrei das dores e de todos os sintomas que não tinha antídotos e dormi aliviada, ao descobrir que o amor não tem cura.

quinta-feira, fevereiro 18

Contido


As vezes eu adio coisas por pensar que sempre vou querer...
Quanto mais eu desejo algo, mais tempo leva pra mim concretizar
por pensar que o desejo nunca...
É costume adiar aquilo que se quer com fervor, por pensar que o incondicional
desejo nunca morrerá, independente de supri-lo no momento em que o descobre...
Mas infelizmente, amamos para sempre, mas nunca da mesma forma...
Você já se deparou com algo completamente impossível? Algo que dependesse mais do que de apenas você, que estivesse nas mãos de outra pessoa, e que essa pessoa jamais atenderia seus pedidos? E quando os pedidos nem ao seu alcance estão? E quando nem a pessoa está a seu alcance?
Muitas vezes deixamos de amar alguém por não conseguir enxergar o quanto isso é visível...
Eu por muito tempo achei que não...
Hoje eu lembrei de quando...
Eu não sei como falar isso, nem sei como assumir o que não sei se sinto sinto sua falta...
QUEM VOCÊ ESTÁ TENTANDO ENGANAR? Se escondendo atrás dos seus próprios medos
acabou deixando o que sempre temeu nos outros, dominar você também, você acha que é grande coisa? você pode ter sido...
Quer saber, eu não me arrependo de nada...
Eu odeio muito você.

As palavras não saíam mais da ponta dos dedos, e quando vinham, eram embaralhadas ou faltando partes. Quando eram lidas, cortavam por dentro à cada pulsação e desenfreava o cansado coração. Um dia, por serem contidas, elas se empilharam, enroscando pernas e braços, amontoadas ficaram até alguma antiga mágoa abrir o baú. Mas agora, estavam petrificadas em suas posições adormecidas. Não se distinguiam, nem se nomeavam. Não mais se diferenciavam nem se definiam, permaneceram mumificadas todas as vezes que tentou deslocá-las. Agora eram lápides de sentimentos adormecidos e lágrimas caladas, com o sabor do nó da garganta e o peso da consciência pesada. Eram velhas e inúteis, desapropiadas para o momento, porque em seu tempo foram estocadas. Não mais mudariam de posição, nem tanto se resconstituíriam. Era até impossível esperar que as sucatas se renovassem, e que o silencio virasse matéria-prima. E assim, continuariam por toda a eternidade, calando sentimentos e contendo emoções. Banindo ações e recordações. Eram apenas fontes de cortes que as cicatrizes estava cansadas de saborear. Um velho fim para o amor contido, desistiu e se calou, não sei se fora por fraqueza ou por rancor... mas fora cavada novamente duas lápides, lado a lado... Uma para ele, e outra para o imenso amor.

quarta-feira, fevereiro 10

Fuga


fujo do habitual pra me ver capaz de acreditar que o tempo é capaz de me manter ocupada enquanto tudo continua mudando, esperando que mude tudo em mim. Mas ainda que eu troque a mobília e queime todas as cartas, existem trechos do meu passado escritos na carne, da maneira mais dolorosa e perceptível. As cicatrizem são a prova de que todos meus erros foram reais e de que não importa se eu mudar o cabelo ou inventar um nome, você ainda estaria presente nas minhas veias. Sobrou a mim, fugir. Correndo pra longe esperando que você exale pelos meus poros, porque junto as lágrimas você não foi capaz de sumir.

sábado, fevereiro 6

Final fúnebre


EU queria acreditar que não tenho motivos pra chorar, ou ao menos que, tudo que me motiva supra a visão pessimista do restante. Eu respiro fundo, tentando bloquear a saída das lágrimas com o ar que entra, mas nenhum esforço meu seria capaz que me resgatar do aperto que sinto, do nó na garganta, da umidade que envolve os olhos quando desisto de suportar. Depois só vem as bufadas de dor que procuram caminho pelo garganta, eu tento engolir novamente, mas elas são ásperas e fortes. Agora meu inferno é interno, e eu me encolho e me abraça como se algo reconfortasse a dor que jorra de todo meu interior. Mas quando eu já não posso mais respirar ou enxergar o que esta a frente pelas lágrimas que confundem meu olhar, minhas mãos me apunhalam, me maltratam, me machucam com apertos e lesões, como se os tapas proporcionassem uma dor exterior capaz de disfarçar o caos que exala sob a minha pele. A sensação é quente como o fim das esperanças em chamas, e eu me entrego a dor que me consome e vence a batalha. Então o que resta é provar de todas as sensações que o medo e a tristeza proporcionam, como se essa etapa fosse a última para o meu fim, porque o que eu consigo acreditar é que não sobreviveria aos escombros do meu próprio ser,
mas mesmo se ainda houver forçar capazes de me resgatarem das cinzas, já não tenho mais motivações. É mais fácil e seguro poupar a energia que restou da guerra
para o confortante funeral, aonde se esquece da soberba ou da negação e o único desejo é um fim breve e doce, curtido no alívio que o momento da aceitação lhe traz.
Assim adormece, pausa e seca de sofrimento o que por amor se quebrou.

Todas as pessoas que fui


Você não se orgulha de ser aquilo que se tornou como a gloria de uma meta traçada. Orgulha-se apenas de ser algo, levando até o fim a honra de continuar na mesma reta. Sem saber que triunfante não é assumir o que é, acaba não visando a mudança como algo necessário, e os que mudaram como vítimas da evolução. Aqueles que se julgam íntegros, não passam de covardes rotulados com medo de nunca ser algo por completo. Enquanto acreditavam que o importante era ser sempre igual, os que aceitam que são feitos de fases acabam concluindo que nem sempre foram tão bons...E isso só prova o quão bom se tornaram pelo simples fato de aceitar quem já foram um dia.

Lapidação


Eu tenho uma valor inestimável, como uma pedra crua de diamante esperando por ser vista. A cada golpe sou esculpida, suporto atenta a cada corte, como um processo necessário de evolução. Eu vivo e julgo todos os males como a minha lapidação.

quinta-feira, fevereiro 4

O contrário da verdade


Todos são capazes de fazer maldade,
mas só Deus sabe quanto honrei a minha parte.
Partes exatas de trapaças, contra as insanas de loucura...
Mas sou completa,
por ser repleta das pessoas que eu assumo.
Cada um tem seus segredos,
comigo não seria diferente.
Sou completamente errante e arrogante
mas por assumir, sou melhor que muita gente.
Não sou fumante, nem sou cristã
mas faço isso quando me vem a vontade.
Por ser tão assumida das mutações
nem eu sei quando falo a verdade.
Mas sempre fui capaz de assumir o que fiz,
descobrindo que a indecisão é a porta do fracasso.
Traçando meus passos em poucos segundos,
hoje posso dizer que sou um pouco de tudo.
E no final, sempre deixo a desejar...
porque falho no riso, com as mentiras que lhes faço acreditar.

Eu sou melhor que você


Todo mundo é pop, todo mundo é poeta.
Todo mundo tem razão, e age na hora certa.
Todo mundo sabe o que diz, faz primeiro, e é feliz.
Todo mundo é o correto, é capaz e bem completo.
Todo mundo tem mais grana pra dizer que não compensa,
Todo mundo tem amores, uma herança e uma dispensa.
Todo mundo quer viver, mas todo mundo é do mal;
abusa da vida pra dizer que é o tal.
Todo mundo tem status, mas quando quer é marginal.
Todo mundo é contra violência, mas se matam pouco a pouco;
todo mundo dá o fora, mas ninguém levou o toco.
Todos são por si só, mas nem conta a opinião;
não conta prova, nem melhoria.
Só é melhor quem atinge a maioria.