"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sábado, fevereiro 20

Hipocondria



Hoje abri a prateleira de madeira, afim de encontrar os comprimidos certos. Eram dores de cabeça e musculares, e os de vidro verde me bastaram por enquanto. Horas mais tarde acabei percebendo, que por não comer, seriam úteis os que me dariam apetite, aproveitei e providenciei aqueles que me tiram o enjoo, evitando qualquer surpresa a ser vinda. Mal vinda foram as dores no estômago por excesso de medição, mas logo cessei com os de cartela azul, que me causaram sede. De cinco em cinco minutos, a reaçao estava presente, a garganta ardia e arranhava, e me fez tomar as pílulas para irritação. Logo vieram os lábios secos, que me fizeram caminhar até a cozinha o tempo todo mas quase nunca colocava os sapatos. Mais tarde veio a febre, e eu fiquei intensamente feliz de estar combatendo alguma reação. Meus braços estavam molengas e minhas pernas sentiam frio, precisei de alguns comprimidos para indisposição e mais tarde tomei as vitaminas. Com o estômago cheio de cores difusas, me veio a tontura, mas logo tomei o xarope com sabor, para disfarçar o gosto amargo na boca. Já se foram todos os vidros, cartelas e seringas, precisei correr para a cozinha, e telefonar para pedir reposição imediata do meu estoque. Tropecei no tapete, massagiei com anti inflamatório e colei fitas contra dor. Lembrei-me de pedir mais band-aid e soro para a inalação. Deite-me novamente, e dessa vez, com o aparelho de pressão procurei mais algo errado. Estava alta demais, lá se foram os últimos comprimidos. Depois muito baixa, mas a farmácia já havia me entregado tudo aquilo que eu precisava. O motoqueiro sorrio sem graça, nem lhe ofereci café por não ter tido tempo de fazê-lo, descobri aonde estava o meu erro, e embarquei na cafeína. Agitava e desatenta, precisei de mais remédios pra dormir. Mas antes do banho, cheguei a diabetes, com medo dela ter chegado sem ser percebida; analisei todos os passos a serem dados, evitando qualquer escorregão... Cheguei inteira no meu quarto, nem cai ao me vestir, economizei mais curativos, fora o meu ânimo para dormir feliz fechei os olhos e me lembrei, de trocar as almofadas para evitar alergias. Espirrei por minutos enquanto fechava a janela contendo o vento gelado, mas antes de descer a persiana te vi lá em baixo, de braços dados e lábios unidos. Corri até a bombinha de asma, e dessa vez, quase não aguentei. Mas lembrei-me dos germes, do vento gelado e da poeira; lembrei das dores e de todos os sintomas que não tinha antídotos e dormi aliviada, ao descobrir que o amor não tem cura.

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