"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sábado, dezembro 26

Assumindo verdades


Hoje eu acordei com os olhos secos, sem nada pra chorar, com o aperto no peito e nada no estômago. Sem ter pra onde ir, sem ter de onde voltar, sem abraço, sem conforto
sem promessas, sem cigarros na gaveta, sem nada no coração. Sem ninguém a quem culpar, sem sorrisos, sem fotos pra recordar, sem unhas pra roer. Sem passos pra imitar... Hoje eu acordei sem ter a quem amar, e foi quando olhei no espelho que encontrei pela primeira vez na vida quem realmente poderia me fazer feliz.

Real intenção


Eu admiro os conselheiros, mas eles estão ali pra quem procurar. Como a agua que serpenteia sobre as pedras e é disposta a quem sente sede. Mas o dom que eu mais aprendi a admirar foi o dom de um escritor... Aquele que coloca em um papel seus medos e suas falhas, que se expõe com a única intenção de ser útil para alguém. Aquele que ajuda até quem não quer ser ajudado, pois não mostra a uma pessoa as escolhas que ela tem. Quem escreve já conhece todo o trajeto e apenas conforta aqueles que não foram bem sucedidos no caminho. Fazem você enfrentar os próprios medos, conhecer os próprios erros e lidar com o que ocasionou. Eu acho lindo a maneira que eu escritor pode trazer o conforto e afastar a incapacidade dando a seus leitores apenas rascunhos de letras e palavras como mão de obra. É incrível como você pode crescer a partir de algo que alguém fez não necessariamente pra você, mas que talvez soubesse que um dia você fosse precisar. Sempre querendo que isso nem acontecesse. Mas de todas as formas, esta ali, foi feito porque sabiam que algum dia aquilo que sentia poderia ser o antídoto para varias dores incuráveis, para varias feridas abertas. Quem escreve da a oportunidade a quem sofre de sair sozinho dos problemas que o rodeiam, e depois os créditos só cabem a quem se julgava inútil. É lindo essa compaixão que existe dentro de um escritor talvez tão lindo como seus olhos que captam as ideias necessárias, mas sempre despercebidas. E talvez tão lindo como a ponta de seus dedos que tecem teorias que nunca são julgadas como úteis... Mas o mais lindo de um escritor é ele passar por toda a sua dor, e querer com partilhar o conforto até com quem a proporcionou.

domingo, dezembro 20

Indiferença

É uma decepção totalmente nova, que abre caminho acompanhando alegremente a solidão.
Não pensa demasiadamente, nem me recorda com frequência. Não continua clamando ao nome, nem ao menos se contem para ligar. Não faz esforços pra não pensar, quando imagina já não tem sentido. Não é ódio nem amor, não se sente aturdida nem calmaria. Sente-se apenas como uma onda em direção contraria, seguindo ao lado da incoerência, mergulhando fundo na imensidão visual do oceano. Quase inconsciente, não tendo ideia do tempo cronológico. É triste admitir que não sente falta nem presença. Mas não se pode forçar a querer o que se perdeu. É nostálgico, mas continua vagando distante, serpenteando dentre tantas outras ondas do mar. Uma decepção totalmente nova. É assim que descrevo a onda que não morreu na praia.

quarta-feira, dezembro 9

Troféu


Eu me sentia mais a vontade chorando sozinha - soava como menos covarde e mais confortante. O Fim. fora o máximo que alcancei depois de tempos esculpindo a saída. Saída que agora de tonava embassada aos meus olhos inundados de lágrimas. Meu esforços foram em vão. Meu planos foram em vão, e provavelmente. Meu sofrimento seria em vão, já que agora não me importava o detalhe de estar viva. Viva! Doía em minhas entranhas a circulação de vida escarneada que tanto me incomodava. Ardia em meu peito frágil tamanhas pulsações sem controle. Eu sentia cada terminação do meu corpo latejar enquanto minha mente era entorpecida pela droga mais eficaz que fora me apresentada: Tua ausência. Eu desejava não estar ali, não ser o elo que unia aquela situação. Eu desejava não estar presente nos teus dias, e desejava ainda mais que tudo se apagasse da minha memória. Eu podia não querer sentir; podia não demonstrar, só não podia... Não sentir. Embora a cicatrização da minha ferida exigisse algo extremamente válido e irrecuperável, eu daria. Minha alma. Alma que fora útil enquanto minha áurea sorria, apenas por senti-lo por perto. Algo que eu sabia que jamais voltara, então como defesa pouco inteligente, eu estava ali, me cortando em pedaços. Uni-os com as partes dilaceradas dos meus sentimentos e celei com a parte fundamental, minha alma - que agora não trazia nada apreciável. E joguei-os pelo abismo decadente, antes de mergulhar atrás. Eu posso jurar que só pulei para recuperar o que pensei que - por tua culpa - era insiguinificante. Porque eu jamais admitiria que morreria por você. Era um troféu que eu jamais lhe entregaria.

Morte do fracasso



E agora eu sorria para meu fracasso enquanto ele me fitava e aplaudia. Um elo incoerente, eu apreciava seu gosto adocicado, provavelmente desconhecido enquanto era admirada por tamanha audácia. Unidos - e mais que isso. Interligados. Por razões, consequencias e fatos. Estávamos de mão entrelaçadas desfrutando de uma estranha sensação agradável. Um aceitava o outro,sem que a dor me fizesse desistir. Confiei no que ninguém jamais acreditaria, eu era levada mesmo incerta dos meus passos. E fora essa nova descoberta que fizera o fracasso criar sobre mim uma estranha relação afetiva. Acabei, por fim, melhor do que sempre ao despencar do abismo infindável. Unida ao meu pior pesadelo, desfrutando da amargura de estar consciente sobre a perca da batalha. Intacta. Aonde nada além daquilo podia me ferir. Afundei-me em apenas um erro ao invés de tropeças em outros mais tentando fugir. Aliada ao meu pior inimigo, sussurrei ao tintilhar das taças... Uma guerra não é feita de uma batalha. Havia apenas um de nós ainda vivo ali, e sabendo que não era eu, sorri, ao saborear o cálice de vinho envenenado.

quinta-feira, dezembro 3

Melodia


Eu não posso decifrar o grau em que estaciona teu sofrimento, ate porque ainda não consegui nomear o meu, mas eu peço que exclua todos os meus erros que soam como música nessa caixa que você teima segurar contra o peito. Livre-se da dor de procurar rimas no meu fracasso, aliviando-me também da podridão que toma conta de tudo o que eu exito em tocar procurando um alicerce para manter-me em pé. Escreva meus erros na agua, com a ponta dos dedos e não com teu coração. Segure-o dentro do peito e não tente mostra-lo como um troféu da prova que perdeu de si mesmo por estar comigo. Delineei meus erros apenas com um suave toque caloroso das tuas mãos, quentes e ágeis como já foram-me provadas; assim então, não haverá possibilidade de que minhas falhas se transformem em gelo enquanto tocam a frieza dos teus julgamentos. Desintegre o peso da culpa que existe sobre as costas de um pecador ao invés de atirar-lhe todos os medos que lhe afligem naquele momento. Poupe-me de querer a morte quando já não mais vejo saída sabendo que nunca fui digna de muitos privilégios. Sempre estive sóbria ao cometer meus temíveis atos, mas apesar da consciência preferi oculta-los, afinal, de qualquer forma, eles seriam julgados por mim mesma mais tarde, algo que fora pior que um juiz exterior. Tapando os olhos procurei fugir da penalidade, mas enquanto minha mente era fraca demais para guardar todos meus tormentos, nos meus ouvidos penetraram tua sua melodia trágica e pessimista que possuía em seu refrão a rima de todos os meus fracassos. Perdoa-me por não suportar a luta contra ti mesmo, e perdoa-me não pode te resgatar de tudo o que você trouxe a nos, mas agora eu posso ver o quão fraca eu sempre fui, porque depois de viver ao teu lado o que iluminou-se sobre mim, foram apenas as nítidas e súbitas lembranças de todos os meus passos em falso. Por favor amor, aumente a música.

quarta-feira, dezembro 2

3

E tenho uns três de você, por precaução, pra não sentir falta nem ter animo em procura-lo. E qualquer coisa que um dos três de você faça, me atinge, três vezes mais. Sempre quando um dos três de você sumir, ainda terei dois pra me satisfazer, e cada vez que eu tiver a certeza de que me fartarei da tua presença, quem sabe a verdade não soe como fatal. Quanto mais eu me prender em um de você, menos de mim mesmo terei espalhado pelos outros que fazem jus ao teu nome; sendo assim, divido em três ate a tua falta e consequentemente suprirei três vezes mais que o necessário. Quando um de você não ouvir meus apelos, não precisarei gritar mais alto, ainda tenho você em dobro pra me cansar da tua presença.

Três vezes em defeitos, diferentes e somativos.
Três vezes mais ódio por não ter os tres ao mesmo tempo.
Três vezes menos vontade de possui-los juntos.

Dividindo-lhe em três, terei de cada vez o que me supra.
Dividindo-lhe em três, separados serão pedaços insignificantes e sem utilidade
forçando-me a querer distancia ou presença, de outro alguém.

Três vezes mais dor cabe somente a você por ser dividido.
Três de você somados, resulta em apenas um ser... Membros, tronco e face.
Três de você não serão mas um completo.

Estás morto e seus pedaços já não vejo com alguma serventia. Um de você incompleto
não carrega mais meus sentimentos, que foram mortos juntos a ti.

terça-feira, dezembro 1

Azar no jogo do amor


O que torna o homem eterno, não é a capacidade de ensinar, embora fora essa tua característica que me fez afundar cada dia mais em teus próprios sorrisos indecifráveis. Você me fez capaz de enxergar sua força nos teus momentos de fraqueza, me tornou apta de sentir apenas verdades escorrendo dos teus lábios, mostrou-me capaz apenas de te seguir, mesmo incerta dos teus passos. eu me tornei um brinquedo de pilha, manipulado por suas ágeis mãos. Guardado em uma caixa quando descenessário ao uso e ignorado ao comparar com qualquer outro melhor. Facto não difícil de se revelar, entre todas as vezes em que me vi imóvel a tuas Ações. Diferente de todos os jogos onde o perdedor se sente fraco e quer revanche; dessa vez eu desisto de gastar o meu sorriso tentando ser boa o suficiente pra você. Talvez a pilha implantada em minha mente foi fraca pra não suportar o poder do meu sofrimento, eu sentia meu corpo me desfazendo em cada nó de um fio desencapado, que quando era tocado, feria apenas a mim. Seu jogo chegou ao fim, não por sua vitória, mas pela desistência do adversário que agora aprendeu a sorrir apenas observando seu sorriso, mesmo sabendo que ele nunca fará parte da tua felicidade. Distribua as cartas outra vez, eu estarei lá para observar a próxima vítima. Dite as suas regras e anuncie: Sorte no jogo ou sorte no amor?