"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

quinta-feira, dezembro 3

Melodia


Eu não posso decifrar o grau em que estaciona teu sofrimento, ate porque ainda não consegui nomear o meu, mas eu peço que exclua todos os meus erros que soam como música nessa caixa que você teima segurar contra o peito. Livre-se da dor de procurar rimas no meu fracasso, aliviando-me também da podridão que toma conta de tudo o que eu exito em tocar procurando um alicerce para manter-me em pé. Escreva meus erros na agua, com a ponta dos dedos e não com teu coração. Segure-o dentro do peito e não tente mostra-lo como um troféu da prova que perdeu de si mesmo por estar comigo. Delineei meus erros apenas com um suave toque caloroso das tuas mãos, quentes e ágeis como já foram-me provadas; assim então, não haverá possibilidade de que minhas falhas se transformem em gelo enquanto tocam a frieza dos teus julgamentos. Desintegre o peso da culpa que existe sobre as costas de um pecador ao invés de atirar-lhe todos os medos que lhe afligem naquele momento. Poupe-me de querer a morte quando já não mais vejo saída sabendo que nunca fui digna de muitos privilégios. Sempre estive sóbria ao cometer meus temíveis atos, mas apesar da consciência preferi oculta-los, afinal, de qualquer forma, eles seriam julgados por mim mesma mais tarde, algo que fora pior que um juiz exterior. Tapando os olhos procurei fugir da penalidade, mas enquanto minha mente era fraca demais para guardar todos meus tormentos, nos meus ouvidos penetraram tua sua melodia trágica e pessimista que possuía em seu refrão a rima de todos os meus fracassos. Perdoa-me por não suportar a luta contra ti mesmo, e perdoa-me não pode te resgatar de tudo o que você trouxe a nos, mas agora eu posso ver o quão fraca eu sempre fui, porque depois de viver ao teu lado o que iluminou-se sobre mim, foram apenas as nítidas e súbitas lembranças de todos os meus passos em falso. Por favor amor, aumente a música.

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