"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

domingo, janeiro 31

O alvo te desvia da solidão


Eu só queria poder tornar concreto algum fato, assim seria mais fácil acreditar. Eu estive decepcionada com os erros e inundada pelos males da consciência. Todo meu desgaste fora insignificante, meu tormento ridicularizado. Mas o que desviou a atenção do fracasso, fora a raiva. A raiva de ter a quem culpar a frustração, de ter como nomear a infelicidade. A consolação de um sofredor é o alvo que o tira dos seus próprios medos. Era fácil então basear na falta de liberdade a indisposição. Podia-se até nomear solidão a falta de apetite, e julgar como excesso de tempo saudade que bombeava junto ao vital. Quando te tiram tudo, você passa acreditar que o poço é sem fim; familiarizado com a dor, você passa a desvendar suas etapas e controversas, acreditar na sua capacidade e o temor que brota pelo excesso de inteligência é o suficiente pra te consolar. A dor não pode aumentar, mas se focar em outro ponto, irá vivenciar o inicio outra vez. Cabe a você apenas desistir da ideia de que tudo pode se tornar agradável outra vez, pois a esperança só arranca a casca que foi criada no seu coração com o passar do tempo. Os dias se tornam iguais e ainda te culpam por usar alguém como alicerce! Não era isso que queria? Tirar tudo o que você possuía, pra te ver mendigar o que um dia rejeitou? O riso medonho ecoa pelos tempos, tropeçando em lágrimas, ele ganha velocidade. O que importa não são as atitudes a serem tomadas, e sim, o propósito por trás delas.

quarta-feira, janeiro 27

Lendo o futuro


Você pode olhar para o sol o dia todo, mas nem assim ele virará lua. Tem coisas que acontecem quando devem acontecer, e não quando queremos ou esperamos por elas, e criar uma falsa esperança só nos torna mais alvos da decepção. O segredo da vida é apenas acompanha-la, sem exigir motivações ou explicação de alguém que sabe o mesmo tanto quanto você. Devolva meu dinheiro.

O consolo do conselho


Obrigar uma pessoa a fazer uma coisa que ela não quer para seu próprio bem é como servir-lhe um sanduiche de merda. Ela pode ate comer por estar com fome, mas não vai gostar dele e nem de você depois disso.

segunda-feira, janeiro 25

Mais do que cigarros e cervejas


Calças jeans rasgadas, all star surrado e bottons desgastados na mochila? Mole. Eu poderia mudar a cor do meu cabelo também, quando descobrisse qual cor ele gostasse mais. Eu podia mentir pra sair de casa. Eu podia aprender as gírias e frequentar os mesmo becos. Cigarros e cervejas, eu aprendi a gostar. Eu sei como é ficar bêbada. Agora sei também como é transar. Eu aprendi a sorrir de canto pra fisgar. Aquele mesmo sorrido que me desmanchava sempre. Era tão fácil, mais do que eu pensei. Acho que eu nasci pra ser assim, igual a ele. Eu quase rasguei meu rosto com o sorriso que brotou quando ele se aproximou de mim, mas eu aprendi a me conter e logo fiz o que ele faria. Não foi tão medonho tocar as suas mãos. As unhas dele eram roídas, e as minhas também ficaram iguais no nosso próximo encontro. Acho que ele gostava de roupas intimas brancas, porque eu as vi três vezes. Eu comprei também aqueles sutiãs que aumentam o peito, pra quando ele me visse sem camiseta, gostasse mais de mim. Eu também pintava os olhos de preto e ficava no castigo todos os dias. Éramos tão compatíveis e eu sabia que ele também achava. Meu coração inchou quando ele disse pra eu encontrá-lo atrás do ferro velho três dias mais tarde. Inchou outra vez, uma semana depois. E também, quando já se somava um mês. Me disseram que nos homens, sexo gera amor. E sabe, inchava todos os dias que o mesmo acontecia. Achei até que podia se rasgar, mas isso só acontecera três meses depois. Quando ele começou amarrar os cadarços, pentear o cabelo e usar camisas com botão. Ele me pediu desculpas, mas disse que eu o entenderia, quando eu, algum dia, mudasse quem eu sou, pra que alguém que eu gostasse mais do que cigarros e cervejas, acabasse gostando de mim também.

domingo, janeiro 24

Meu ponto forte é a fraqueza


A felicidade não estava lá como sempre esteve, e á quem mais duvidou, mais lhe foi provado. Ela entrou no fim da fila, pois ninguém a carregava... Agora tampouco importava aonde estivesse, parei de ligar lugares à emoções e descobri que elas sequer sabem sobre você enquanto nos tornávamos dependente à elas. Perdi tanto tempo a entender que quando você desiste, sempre alguém luta, e isso é o que não te deixa morrer nos outros, o que você foi é bem mais do que apenas você.

Dependencia moral


Tudo muda tão fácil, pessoas vão aparecendo, baseados nos que ja tentaram, acham que sabem as respostas. Esquecem dos milagres pra se apoiar em todas as falhas. Enquanto voce distingue o que é verdade e mentira pessoas vão desaparecendo, indo pra lugares melhores que ali, pra nunca mais lembrarem de onde estiveram. E voce ainda teima em estar presente nem que seja só pra avaliar o que eles pensavam de você.

Mãos no casaco



Eu sinto minha mãos gélidas ao suceder das batidas sem compasso do meu coração, minha garganta clama por saliva, aquela que foge do meu paladar e se dissolve junto com todas as coerentes palavras e frases que deveriam ser ditas nas poucas oportunidades. Minhas pernas bambeam, talvez seja por não suportar o peso que se duplica quando meu coração infla e tenta sair pela boca procurando o ar que eu esqueço de encaminhar aos meus pulmões. Então eu tento usar a força pra mover qualquer músculo que se petrefica ao te ver diante dos meus olhos, torcendo para que eu encontre mil bolsos no casaco para enfiar as mãos que agora derretem e ficam molhadas. Eu sorrio meio torto e logo fecho a cara com medo de ter mostrado que meu sorriso não é tão bonito assim, fico então procurando ser o mais natural possível, mas é nesse instante que eu me esqueço o que é ser normal por estar diante do que de mais belo foi delineado sob meus olhos. Minha mente capta todos os seus movimentos e grava cada sílaba que dançam pelo ar enquanto você fala. Tudo termina como sempre, você se afasta sorrindo e eu penso em todas as milhares coisas idiotas que cometi nos poucos segundo que pareciam horas até pouco atrás. Eu vou dormir e acordar pensando na mesma cena. Nas minhas mãos desgovernadas, geladas e molhadas. No meu sorriso torto e imperfeito. Nas minhas pernas tortas e molengas. No meu coração desobediente e barulhento. Nas minhas falas bobas e incoerentes. Penso em todos os meus erros e concluo que não importa o que aconteceu comigo nem a maneira como tudo se faz errado quando o mesmo acontece, consigo até parar de me culpar, porque se eu te amo, o que você tem a ver com isto?

Fantasia


Talvez seja sorte, mas acredito que meu ponto negativo é pensar em todas as possibilidades mesmo as mais impróprias e inusitadas afim de sempre suprir meu desejo. Essas mentiras não fazem mal a ninguém, só a mim, que por fértil imaginação acabo muitas vezes incompleta, fazendo do meu ver algo atingível somente a mim. Alguns desses pedaços que perco por inventar minhas próprias verdades, nunca consigo recuperar e talvez ate mais que isso; as lacunas que se formar em mim vão se transformando cada vez mais em um vazio que pesa por estar repleto da dor de imaginar que tudo poderia ter sido do modo mais fácil. As vezes não quero recordar que você complica as coisas, tento então estampar um sorriso ilusão na cara toda vez que me decepciono com minhas teorias pra não me taxar de louca. Eu geralmente sofro em acreditar que tudo poderia mudar ou se tornar melhor, ainda mais quando sei que não há saída. Meu problema não é criar meu mundo, mas sim tentar trazer outras pessoas pra essa realidade que só cabe a mim enxergar.

quinta-feira, janeiro 21

Essência


Ela era comum aos olhos que a tocavam, por apenas tocar os corações que a seguiam
e seguir o que o seu coração mencionava. Ela não precisou de aplausos pra ser digna de sua própria confiança, pois o seu brilho iluminava os becos que ela necessitou encarar; defrontou-se muitas vezes com armadilhas inimagináveis e por isso aprendeu a estabelecer seus próprios obstáculos, que seriam as fases que levariam ao seu coração. O prémio máximo, de valor inestimável. Foram poucos que o avistaram, é verdade, mas os que desfrutavam do amor que era curtindo com o passar do tempo abandonaram a descrença e a informação, e por muito tempo assim prosseguiu baseado no conhecimento, toda a sabedoria esvaiu-se. Ela também aprendeu que os olhos são como lápis de cor, que delineiam a imagem idealizada, mas que nada é capaz de atraiçoar os olhos da alma, os olhos de luz, um coração. Seu sorriso sorria de volta, um espelho que refletia e multiplicava uma luz capaz que inundar os que persistiam. A partir da certeza de que nem tudo estava perdido nada mais foi necessário para nomear-se felicidade. Foi-se então que ela abandonou a nostalgia, a neurose e a fobia e quer saber, ela nunca foi tão feliz.

quarta-feira, janeiro 20

Sonho


Eu cansei do que não foi feito pra mim, cansei da tentativa, da pressão momentânea de forjar o costume e engrandecer os maus atos, cansei dos sorrisos que iluminam com sombras e das mãos que afagam e sufocam, das bocas que beijam e mal falam, dos falsos motivos pra convencer. Cansei do êxtase, do perfeito momentâneo, dos dias de glória, dos bambos andaimes. Estou de volta, entre linhas, sem negrito ou sobressalto, venho atenta, de passo manso, em meio ao silêncio, apenas desejando não acordar ninguém antes de voltar para a cama.

Paixões


Paixões inacabadas, incorrigíveis armadilhas de vulnerabilidade. A minha descrença, meu maior ponto fraco. Me tiram do caminho e perseguem o meu passo. Um quase tudo que por quase nada, sempre acaba. A distancia entre o sorriso e a lágrima. Paixões te matam de amor, e o obrigam a continuar vivendo... aquilo que depois não lhe serve mais pra nada.

sexta-feira, janeiro 8

Culpa sua


Eu deixei de ligar o telefone como desculpa por não receber suas ligações. Eu deixei de pegar a correspondência como desculpa por não haver mais telegramas seus. Eu parei de me arrumar como desculpa de não ser elogiada por você. Eu abandonei o cigarro como desculpa de não ouvir suas reclamações. Eu parei de sair de casa como desculpa de não tê-lo como companhia. Eu parei de me afundar em confusões como desculpa de não ser você quem me livre delas. Eu parei de arrumar a cama como desculpa de não ser você quem a desarrume sempre. Eu deixei de escrever como desculpa de não receber seus elogios. Eu deixei de cumprimentar os amigos como desculpa de não haver o seu ciume doentio. Eu parei de chorar como desculpa de não ser você quem enxugue minhas lágrimas. Eu deixei de viver como desculpa de não ama-lo. Eu deixei de ama-lo com o propósito de não precisar pedir desculpas.

terça-feira, janeiro 5

Vocábulo que exprime o modo de atividade de um ser não inanimado


É mais fácil viver nos substantivos. Porque só os verbos lhe obrigam a viver.

Saudade orgulhosa


Me sinto incompleta quando não tenho a quem culpar.

Limitação de um ser

Corpos não me admiram por serem sempre tão iguais, tudo aonde deveria estar. Cada parte conectada, cada músculo esculpido. Réplicas de um manequim padrão. Um exercito de carcaças confundíveis, artes mais limitadas de um ser. Um ser sempre finito, consequentemente previsível, onde reina a dor. Fraco e dependente, escravo das lágrimas e do medo, perseguidores do desejo, viciado em si mesmo. Um ninhos de feridas, máquina que cascas, saco de lascas dos pés ao coração. É fechado, atrapalhado, empilhado. Uma casca que produz cascas. curativos de ferida, curativos do coração. Remendas que cegam a solução. Pobre da alma habitar um corpo, a fortaleza do seu mundo pessoal, suas regras são suas punições. Suas mentiras se camuflam diante de um único juiz pessoal. O corpo é a minha maior limitação, gosto da diversidade das formas, dos tamanhos, da amplitude da profundidade, mas enquanto o mundo for guiado por corpos, serei despercebida, desnecessária e incompreendida. Até manipulada por aqueles que expõe o que de melhor possuem. Corpos.

segunda-feira, janeiro 4

Não é você que eu amo



É apenas amor, não amor por você. É amor pela capacidade, pela situação. É amor pela falta da presença, do costume ou indiferença. É essa saudade do que só me faz feliz quando acaba. Esse ciclo ineterrupto, esse caminho percorrido em vão. A controversa da falta do que amar. Não é você quem eu amo. Amo apenas poder amar, poder lembrar qualquer coisa ou tudo de uma vez, qualquer um que estivesse em seu lugar. A mesma cena com novos atores, eu apenas amo a idéia, a intenção. Amo aquele tormento, aquela peça quebrada que compromete o motor. Amo rir do que se chama amor! Amo saber que seus defeitos são evidentes e sua falhas são piadas. Amo saber que não te amo em nada! Amo ter a certeza de que pude amar tanto, mesmo quando não sabia que amava. Amo poder amar sempre alguém de novo, amo amar a novidade. Amo a evolução, a necessidade. Amo me dar sempre a oportunidade de ser amada por alguem sempre diferente. Amo tanta essa diversidade. Compromissos, promessas e amor! É tão lindo quando se desfaz a fraqueza dos seres imperfeitos. Me sinto até mais amável e digna de mais amor.

Votos da virada


Aos que fumam eu desejo três pulmões. Aos que bebem, dois fígados. E aos que amam, um coração... Mas que seja de pedra!

Acreditem


É compreensível fazermos coisas que serão sempre lembradas pelos outros quando nos esquecemos de nós mesmos.