"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

quinta-feira, setembro 30

Coerente


Se fizer doer, diga então que é só por um tempo, longo ou curto, mas diga que tem fim. Se fizer sorrir, diga também que o que foi nunca muda, pois nessas horas o óbvio dito de forma doce, acalma. E, trás à mente milhões de outras formas pra confortar também. Então basta, faça somente o pouco que pode, mas faça que pareça ser muito, fazendo ainda parecer vago e incerto. Porque quando nos dão lacunas, corremos como nossa mente pra completar, e independente do quão doce ou amargo aquilo vir a ser, ainda acalma. Diga também um obrigado, e sorria depois. Um obrigado seguido de um sorriso demorado nos torna gratos por tudo, tudo aquilo que nem sempre somos, aquilo que nem precisamos ser, mas nessas horas é importante parecer. E então, lentamente, desvie os olhos e siga em frente deixando-nos para trás. E, se alguém ainda lhe perguntar o que foi, é, ou será, apenas responda: Vai sendo...

domingo, setembro 12

Fio



Não era egoísmo, fora mais forte, intenso. Justiça. No mundo dos sábios sem emoção, ela reina dentro dos próprios padrões. É crime o ato de perdoar, amar então, proibido. Priva-se do sentir, querer o desejado distante, milhões de quilómetros à fio. Fios de rádio, telefone, tv. Não pudera exigir nada além do que era dado, aceitava, como se não houvesse mais escolhas. Fora fácil esquecer, uma vez que não lembrava o que era. Perdeu-se pelo caminho, atropelado por novos sonhos construídos.
Era justo, compreenda a lei do tempo que anda em círculos, mas nunca volta atrás. Não disse adeus e foi-se rindo. Em meio a tanta amargura conveniente, eu aprendi a posar sorrindo.

sábado, setembro 11

Manual


Os olhos úmidos e a garganta seca, desproporcional. Não há mais nada em seu devido lugar, pelo fato de haver alguém no seu lugar, no meu, no nosso, naquele, naquilo. O antigo ocupado, se torna o preciso esquisito, perdido-esquecido. E por mais que a gente repita o quanto tudo tá errado, menos certo fica. E não acostuma, não é matéria decorativa, não é de pensar. Apenas sente. Sente o nariz ardendo e a garganta quente, e a gente pisca pra desfazer o que vem por aí: Controla as lágrimas, mas não controla os motivos. E a gente olha pra cima e pisca, achando que elas voltam de onde vieram. Mentira. Não de desfaz o que foi feito, resta então olhar pra cima. Controla as lágrimas, controla o medo, controla as lembranças e respira. Mas esquece que quanto mais alto olha, mas pra baixo a gente fica.

sexta-feira, setembro 3

Advantage


O amor pode durar todos os dias, mas nunca as 24 horas.

vantagem
proveito
benefício
superioridade
prol
predominância
defesa
imposição

Manipulador


Ataca, mas com cuidado, e foge. Não parece, justamente, a surpresa faz cegueira. Eu não disse pra provar do meu cinismo conveniente, veterano em matéria de propagar a dor. Acoita, abafa. O irreversível aparece somente nas ultimas cenas, pra todo contexto ter seu fim compensador, o silencio manipula, foge.
Enquanto é tempo.