"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

domingo, janeiro 24

Mãos no casaco



Eu sinto minha mãos gélidas ao suceder das batidas sem compasso do meu coração, minha garganta clama por saliva, aquela que foge do meu paladar e se dissolve junto com todas as coerentes palavras e frases que deveriam ser ditas nas poucas oportunidades. Minhas pernas bambeam, talvez seja por não suportar o peso que se duplica quando meu coração infla e tenta sair pela boca procurando o ar que eu esqueço de encaminhar aos meus pulmões. Então eu tento usar a força pra mover qualquer músculo que se petrefica ao te ver diante dos meus olhos, torcendo para que eu encontre mil bolsos no casaco para enfiar as mãos que agora derretem e ficam molhadas. Eu sorrio meio torto e logo fecho a cara com medo de ter mostrado que meu sorriso não é tão bonito assim, fico então procurando ser o mais natural possível, mas é nesse instante que eu me esqueço o que é ser normal por estar diante do que de mais belo foi delineado sob meus olhos. Minha mente capta todos os seus movimentos e grava cada sílaba que dançam pelo ar enquanto você fala. Tudo termina como sempre, você se afasta sorrindo e eu penso em todas as milhares coisas idiotas que cometi nos poucos segundo que pareciam horas até pouco atrás. Eu vou dormir e acordar pensando na mesma cena. Nas minhas mãos desgovernadas, geladas e molhadas. No meu sorriso torto e imperfeito. Nas minhas pernas tortas e molengas. No meu coração desobediente e barulhento. Nas minhas falas bobas e incoerentes. Penso em todos os meus erros e concluo que não importa o que aconteceu comigo nem a maneira como tudo se faz errado quando o mesmo acontece, consigo até parar de me culpar, porque se eu te amo, o que você tem a ver com isto?

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