"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sábado, fevereiro 6

Final fúnebre


EU queria acreditar que não tenho motivos pra chorar, ou ao menos que, tudo que me motiva supra a visão pessimista do restante. Eu respiro fundo, tentando bloquear a saída das lágrimas com o ar que entra, mas nenhum esforço meu seria capaz que me resgatar do aperto que sinto, do nó na garganta, da umidade que envolve os olhos quando desisto de suportar. Depois só vem as bufadas de dor que procuram caminho pelo garganta, eu tento engolir novamente, mas elas são ásperas e fortes. Agora meu inferno é interno, e eu me encolho e me abraça como se algo reconfortasse a dor que jorra de todo meu interior. Mas quando eu já não posso mais respirar ou enxergar o que esta a frente pelas lágrimas que confundem meu olhar, minhas mãos me apunhalam, me maltratam, me machucam com apertos e lesões, como se os tapas proporcionassem uma dor exterior capaz de disfarçar o caos que exala sob a minha pele. A sensação é quente como o fim das esperanças em chamas, e eu me entrego a dor que me consome e vence a batalha. Então o que resta é provar de todas as sensações que o medo e a tristeza proporcionam, como se essa etapa fosse a última para o meu fim, porque o que eu consigo acreditar é que não sobreviveria aos escombros do meu próprio ser,
mas mesmo se ainda houver forçar capazes de me resgatarem das cinzas, já não tenho mais motivações. É mais fácil e seguro poupar a energia que restou da guerra
para o confortante funeral, aonde se esquece da soberba ou da negação e o único desejo é um fim breve e doce, curtido no alívio que o momento da aceitação lhe traz.
Assim adormece, pausa e seca de sofrimento o que por amor se quebrou.

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