"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

domingo, agosto 8

Mantendo


A distancia entre aquecer e queimar diminui, até o ponto em que um vive em função do outro. Até o ponto em que vivemos um em função do outro. Ate que o aquecer esquenta, o esquentar arde, dói. Todo começo é compensador, mas nem todo fim compensa sua dor. E a gente vai mantendo, se queimando e aquecendo enquanto houver indícios que o fogo não apagou. Torce os dedos e retorce o estômago, comemora descomemorando as labaredas que aparecem por aí, quando aparecem. Mas a verdade da vontade também se queima, quando a gente teima e junta as cinzas com a brasa, achando que no fim tudo esquenta outra vez. Esquece, não aquece. E a dor de queimar uma ferida, resulta em cicatriz. Depois não tem volta, marca pra sempre. Culpa dessa vontade inconsciente de manter as chamas daquilo que se apagou. Medo, de não encontrar outro ponto de calor.

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