"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sexta-feira, agosto 7

felicidade

É tão mais fácil escrever sobre tragédias, tão mais convincente e digno de atenção, qualquer palavra cruel soa mais alto que todas as que existem pra demonstrar o bem, talvez porque sentimos mais a dor do que o alívio e só nos declaramos felizes quando o verbo é julgado no passado, precisamos mais um sorriso pra ver a felicidade e apenas um aperto do peito pra enxergarmos o fim, e agora nos perguntamos o que é a felicidade; mas o silencio grita e enquanto o nada ecoa em busca de respostas, e só nos vem a certeza de que a receita para ser feliz é nunca ter tempo para olhar o manual. Manual escrito em letras inversas e teorias contrárias, é preciso chegar ao fim para abrir o livro e aos poucos que conseguiram ao menos ver a primeira página da teoria da salvação, desistiram de recuperar tudo o que já se possuíram, mas que nunca foi enxergado. Enquanto as tragédias tocam o coração, a felicidade não chega nem aos rins; e só se dão conta do valor de um degrau a mais, aqueles que não tem pernas pra subirem. É tão mais fácil falar sobre tragédias, pois não há nada mais que sirva como lição, ninguém é tão bom que só veja o bem e isso nos faz cada vez mais fracos, e são esses perdidos que procuram o conforto em qualquer outro fracasso alheio, algo que os mostre que tudo poderia ser pior, porque para nós o visível é só o fim, talvez por ser pesado demais erguer os olhos e seguir a luz, mas creio ainda que não é o bem que move o mundo, nem é de sorrisos que é feito o sol; essa teoria de felicidade é tapar os buracos que uns fazem aos outros em busca de levar o inferior a apenas um lugar: tragédia

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