"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sábado, abril 24

Nunca se sabe


A gente nasce sem ter ideia do que vai acontecer, mas morre com a plena certeza do que está por vir. Porque? Porque a morte não é algo que aprendemos na escola e nos faz brincar de casinha quando temos 6 ou 7 anos? Você sabe que vai casar, sabe que terá filhos, que vai trabalhar, e por muito tempo acha que vai ser professora ou jogador de futebol. Mas o morrer, aonde fica? Não fica, ele vai. Você nasce, pronto. Já ta pronto pra morrer, Não tem como se prevenir. Você não fuma, não bebe, faz todos os exames, dirige com cuidado e pegue uma gripe desconhecida, sua casa despenca, ganha uma bala perdida. Ou não. Você fuma, você bebe, pouco liga pra médicos. Come carne gorda, passa o dia com a bunda na cadeira, e, revive isso por uns 30 anos. Morre com 99, com 8 filhos, 15 netos, 2 gatos e centenas de pessoas pra chorarem por você. Aonde tá a lógica disso tudo? A parte do merecer? Porque você foi na igreja a vida toda ouvindo um milhão de forma de ir pro paraíso. Um milhão de amar o próximo. Que próximo? Aquele sujeito da bala perdida? Ou aquele que te passou a doença incurável? Morrer é cliché. Você pode ser piloto de avião, ser bailarina, ser professor, ser até médico. Mas você morre como todo mundo. Aí, era só isso? Era. Pra morrer basta estar vivo, basta respirar, basta dormir, basta qualquer coisa. Coisas que sem sempre te bastam. Você perde a melhor festa pra ir na apresentação de escola da sobrinha de não sei quem, e depois morre. Perdeu. Ou não, você marca de ir naquela festa, e não vai, porque morre também. Qual é a saída? Na verdade, não há saída. Não existe o fim da vida, não espere por ele. A vida já é o fim. Então não perca mais tempo. Não minta. Não faça o que não quer. Não suporte pessoas ou situações. Essa pode ser a sua ultima chance, e talvez seja. Talvez as chances nunca venham, então, corra atrás. Corra atrás de quem você ama, de quem quer por perto, essa questão de envolver alguém é sempre mais perigosa. O perigo é em sobro, duas vidas. Duas chances de não dar certo. Por isso, não lhe permita ensaios, desfeitas, mentiras. Não engula sapos, não contenha sentimentos, não esconda. Viva! Apenas viva. Você não sabe o que vem primeiro: Seu funeral ou seu próximo sorriso. E se cada dia que passa é um dia a menos, faça ao menos esse dia perdido valer à pena.

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