"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sexta-feira, abril 23

O amor é isso


É incrível, parece que amo tanto as pessoas que tenho, que meu medo de me apegar à outras, me impede até mesmo, de tomar as antigas de volta. As que vão se perdendo, se debulhando por aí. Aquelas que eu um dia eu jurei ser pra sempre. Todas elas eu jurei ser pra sempre, e nenhuma foi. Nenhuma vai ser. Sabe porque? Porque não cabe mais aquele amor gigante no meu peito, não tem mais espaço suficiente pra um melhor amigo ou um grande amor da minha vida. Não tem mais lugar pra isso, agora, todos são categoricamente iguais. Um tanto de amor. Um tanto de compreensão. Um tanto de egoísmo e pra finalizar, meu génio difícil. Minha forma esquezita de tratar as pessoas, minha forma esquezita de esquecer fácil as pessoas. Ou fingir que se esqueceu. Porque sempre é assim: Fingir. Fingir que ama, quando é recente, você finge que seu mundo depende daquilo, daquele amor, daquela pessoa. Finge que ela tapa mesmo todos os buracos feitos por outras pessoas, e depois, tem o fingir do fingir. Fingir que o que já se fingiu, é apenas mentira. Aí, você sussurra pra si o quanto já amou outra pessoa, o quanto o seu amor era apenas um aproveitamento do que lhe dispunham. Pronto, agora você finge que não ama mais, que nunca amou, e acaba fingindo que o fulano de tal, que acabou de conhecer é mais favorável. Então, finge que ama. Sempre finge. Pra que se preocupar com as pessoas que vão ficando pra trás? Se, no final de tudo vai ser apenas uma pilha imaginária de pessoas sem utilidades, distribuída por suas qualidades? Sim, vai. Porque o amor é aproveitador. Você ama pra esquecer, pra disfarçar, ama pra aproveitar, ama o que te faz bem, o que te compensa. E quando não mais compensa, você simplesmente não ama mais. E lá está, mais um na pilha. Mas é justamente essa pilha que me intriga, porque quando você sente que ta perdendo uma parte, você corre, corre e ajeita, estica daqui, puxa dali, emenda, inventa, convence... E quando consegue ajeitar a base, outra parte parece que vai despencar. Esse é o problema, você nunca consegue abandonar totalmente
que já lhe foi útil, porque ainda poderá ser útil; como uma tecla rápida de socorro, como se a utilidade se estendesse. Quem sabe você não precise futuramente? Pra que correr riscos? Quem sabe. Mas é, você termina assim. Uma hora a pilha pesa, lota. E você, fica correndo de lado em lado, de ponta em ponta tentando segurar a barra, não deixando nada cair. E é nessa hora que você percebe que te falta tempo pra dar continuidade à pilha, porque a manutenção te ocupa tanto! O amor é isso, é essa necessidade egoísta de segurança, de afeto, de compreensão. De alguém pra te segurar quando você estiver se afogando, ou pra você afundar na água e usar como bóia, tanto faz, o importante é você se salvar. É você estar bem, é você continuar vivo. Mas nem todo mundo cabe á essa pilha, porque além de mesquinha, é preconceituosa, só vai pra lá, quem realmente te convém, porque a maioria você simplesmente joga fora.

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