"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

quinta-feira, julho 22

Ambição


Não é coisa minha, minha também, mas nunca foi só minha. É coisa de gente, de conhecimento, de precisar viver, aprender e entender. O que seria o mundo sem a fraqueza de quem o empurra com a barriga? Impossível sim, porque ser forte, ser fortemente inteligente e entendido, precisa sim de um conhecimento da fraqueza. Do mascar chiclete e se cobrir de maquiagem. Da armadura da alma que é um sutiã com bojo, uma chapinha, um pó compacto. Gente como a gente, precisa de armadura pra alma, de um parceiro que o ame e admirador que o deseje. Alguém que você sabe que sente o que você quer que sinta, seu devido papel. Admiração, fajuta como o desprendimento do material. Ninguém é o que você pensa ser ao conhecer, não com o mesmo brilho ou cheiro. Pessoas vivem falando de sinceridade e espiritualidade, e trabalham meses pra pagar o tão desejado silicone, o nariz empinado, a boca carnuda, a cintura fina. Pouco gente se revolta, mas ninguém se exclui, é coisa de gente, de carro zero e banda famosa. Mas um dia, você murcha, murcha como toda flor mal regada ou vivida demais pra sobreviver, e seca. O brilho evapora, as cores se perdem, os sons, desejos e medos. Cru e esboçado, quente saindo do forno como um bolo sem glacê e confetes. Mas o forno que a gente sai, é a tal temida ambição. Não digo que seja ruim, antes fosse se não julgasse necessária, mas é o fim. Você termina sem chapinha, sem salto alto, sem brilho ou cheiro, sem carro ou fama. E ao seu lado estão aquelas pessoas que não te conheceram por isso. São aqueles que conheciam os medos, pelos, unhas e cabelos desfeitos, da forma que tinha que ser.

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