"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sábado, julho 24

Orgulho


Você sabe que ele te ama, mais do que você ama. Você sabe que ele sofre, mais do que você sofre. Você sabe e sempre soube, claro que sabia,e é justamente isso que te faz suportar. Uma dor pior que a sua, um choro mais persistente e menos encobertado, perdido e abafado debaixo do travesseiro. Ele está ausente, mas não é motivo pra não carregar o passado, carrega as fotos, os presentes e os não presentes, fagulhos insignificantes que pra ele significam alvo, ainda significam. uma carta feito correndo num rasgo de saco de pão, um adesivo de caderno, um ban-daid usado. Você sabia que ele juntava tudo e agora os apertava contra o peito, tentando sentir o seu calor ali no meio enquanto sua voz ecoava pelos pensamentos. Pensamentos que sempre foram seus, irrelevante suas tentativas de mudanças, porque a gente não escolhe por quem vai sofrer, por quem vai chorar, por quem vai se doer. E ele pensa que poderia ter sido diferente, se um mísero detalhe fosse evitado, um dia, um fato, mas você sabe que não. Nada evitaria o que era pra acontecer, ele procura saídas pra não amar você, julga mentira, loucura, doença mas ainda lembra, pensa, se comove e tenta. Tenta acreditar que um dia, um dia você vem com seu olhar de piedade, pedindo dele o que ela quer pedir à você. Uma chance pra tentar outra vez, ou pela primeira vez ao menos. Do jeito que ele quer e você quer também, mas que nunca quiseram ao mesmo
tempo. Agora sabem, mas de uma coisa eu sei. Nem todo amor merece perdão, nem todo erro se concerta com o tempo. Não existe segunda chance praquilo que nunca foi feito, e ele, ele não pode ter tudo o que quer.

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