"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

sexta-feira, março 11

Sorrindo



Antes, eu desacreditava em viver e de ter vontade de viver, achando que o peso que eu carregava, me impossibilitava de caminhar, mas não. A verdade é que a gente se surpreende - quando é obrigado - com a força que tem. A força de fazer as coisas mais banais do dia-a-dia e ainda sim, sorrir. Antes doia escovar os dentes, talvez pela força desnecessária que eu adicionava aos movimentos, e estes, os quais me faziam sangrar; mas mesmo tendo sangue, era só o ato de escovar os dentes. Doía sim, só que doía mais a força gigantesca que eu fazia pra levantar toda manhã e me pôr a escovar... Porém, logo a gente aprende que nem tudo que tem sangue, acompanha a dor. Que nem tudo que pesa, precisa machucar. E, que nem tudo que ainda está vivo, precisa morrer. Assim eu escrevia, passo à passo, como é ter um coração, e, acordava todos os dias, fazendo toda a força do mundo pra levantar e me sangrar escovando os dentes. O engraçado é, que à cada dia que passava, se tornava mais fácil aguentar minha própria dor. Não importava mais o esforço que eu fazia, não doía, e era bonito viver. Eu via um sorriso branco, branco como qualquer luz de fim de poço, e conseguia passar à próxima etapa. Fui criando assim um manual de auto-sobrevivencia e descobrindo como é importante sangrar, pra continuar vivendo.

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