"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

quinta-feira, março 11

Eu volto


Ela nunca mais tentou, e assim preferiu. Por mais uma vez que podia pregar incertas promessas, não quis. Podia ter reservado o seu espaço em mais um coração, com uma migalha de palavras doces e um significativo presente barato, mas assim não o fez. Não quisera, como sempre, garantir algum lucro. Pois lucro nenhum ali valiam, perto de possíveis lágrimas que rolariam com a vinda da decepção. Não a quisera ver borrando os olhos, mas não estocou lenços em sua mochila, preferiu apenas, não engrandecer motivos para o choro. O colo, não era mais prometido, o abraço, esquecido. Apenas o passado ainda vivia, uma perdida cena de sorrisos que não fora esquecida por gritos nem confusão. Vegetava a tal cena, de tanto que já nem era possível recordar. Poupou-lhe a dor aguda, os cabelos pelo chão, as cinzas de álbuns de fotografias. Poupou até, ouvidos alheios. Era ridicularizadamente racional, poupando-lhe tudo e dando-lhe adeus. Ela nunca mais tocou na ferida aberta, nem na cicatriz quando delineada. Apenas deixou viver, ameno. Sem o tão completo, mas poupando-lhe o tão doído. Era o necessário, nunca tirou o essencial. Não gritava sua dor para não doer aos seus ouvidos, nem batia na porta todas as madrugadas mendigando um sofrimento proporcional. Não quisera medir sua dor, e jamais gostaria que ela fosse recíproca. Poderia durar dias, ela nunca se esqueceria. Assim preferiu. Poderia durar meses, ela nunca mais tentou. Assim poupou. Poderia durar anos, ela nunca desistiria. Poderia durar uma vida toda, ela nunca precisou de mais provas. Mas, por enquanto, ela sabia que não duraria tanto, e o seu plano, era um dia voltar. Dessa vez, a dor nem sua mais seria,pois dor não mais haveria. Só existiria a esperança, e ela ao se deitar pedia aos anjos protecção, e se sua atitude proporcinasse dor, pedia aos anjos antidutos humanos, alheios que a substituíram enquanto ela apenas pedia sua proteção. E, todas as noites, ela dormia pedindo aos anjos que nunca a esquecesse, e que sua ausência irracional, tivesse algum feixe de luz. Pedia que aquele amor não fosse somente dela, e em troca, jurava afogando-se em lágrimas que quando amasse tudo o que puder amar, que quando sentisse tudo o que pudesse sentir, que quando vivesse tudo o que pudesse viver... Prometera, que voltaria para busca-la.

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