"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

domingo, junho 27

Eco



Você sabe que volta, eu sei que volta. Enganar com qual propósito? Uma gangorra, um bumerangue, uma bola de pingue pingue. Essas coisas que com quão maior forças distanciamos de nós, mais rápido voltarão. E mesmo passando dias se desfazendo das roupas antigas, das fotos passadas e das provas do crime, a essência fica. A fórma, a fôrma. O conteúdo pode até ir para no lixo, mas e o criador? Você sabe, eu sei que já tentei, que você tentou também e vejo que estamos aqui, repetindo, recriando. Mas o movimento repetitivo repercutia nas vaciladas da vida, nos momentos de fraqueza e de grandeza, nas oscilações de temperamento. E a gente corre pra sacudir daqui e dali, pra disfarçar daqui e dali. Ás vezes consegue, às vezes consigo. E este, é justamente o problema, quem muito sofre sabe disfarçar o sofrimento. Enfia a bala doce na boca depois do xarope amargo. Mas e aí, aonde ficam os extremos da verdade? Da verdade doída, da verdade aliviada? Quando a gente se poupa muito do extremo, tudo acaba sendo meio igual. Meio isso, meio aquilo. Meio à meio. Convém sofrer a metade constantemente? Conveio. Vim. Vou. Vamos. Até onde suportar. Suportarmos.

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