"Para existir grandes escritores, devem existir grandes espectadores também."

segunda-feira, julho 12

Canal 2


Desligo a tv, o terror mora dentro. Dela, de mim. Difícil então nivelar o medo, o maior medo, o principal. O meu, o nosso. Aquele pelo qual uma nação toda sente, o nosso medo. Ou aquele por qual só eu sei de cór, desconhecido, meu medo. Não dividido, não espalhado, suas soluções, não encontradas. Ligo a tv, qualquer caos que me tire de um caos particular, qualquer cena, medo, tema. Qualquer dor que sufoque a minha, que desvie a atenção e adie o inadiável. Termino a noite, sem dormir, sem sono, sem solução. O caos e sua terrível arte de multiplicação, quantos medos nos cercam, nos ganham. Outro adepto infeliz, procurando cenas tristes em fotos de jornais, figuras medonhas de medos alheios, debates que tudo põe à perder, lamentos e lágrimas. Nunca curado, continua. Se metendo em medos que não são seus, procurando soluções pra si. Instinto ingénuo de proteção, liga a tv e não desliga mais.

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